CAPITULO 1º
INTRODUÇÃO
« sempre que o homem pensa o mundo para e avança » uma verdade intrínseca que num curto espaço de tempo fez a diferença entre planear e concretizar. Depois de uma avalanche de informação nos ‘media’ desenhou-se a participação de 7 viaturas e 15 tripulantes.
Com o tempo restrito para obter vistos e recolher as ajudas, no encontro entre participantes no Entroncamento compareceram 5 viaturas e 9 tripulantes. Posteriormente acaba por desistir uma viatura do Porto e os seus 3 tripulantes, vindo a aderir mais um elemento. Houve que decidir eliminar uma viatura e redistribuir os 6 tripulantes por 3 jipes.
Obviamente que com estas restrições houve que fazer uma criteriosa selecção da ajuda humanitária a transportar dando-se preferência a medicamentos e alimentos. Aqui demarcou-se a superior cooperação do Zé e do Paulo – quando, em Bissau, desventraram os seus jipes, não deu para acreditar como tinham conseguido carregar tão grandes quantidades.
A história desta viagem não vai ser uma narração exaustiva – porque não houve incidentes, porque foi o melhor grupo de sempre nas 17 expedições realizadas. Mas não fiquem todos vaidosos porque também houve pontos negros! Vá… talvez não fossem negros mas cinzentos… muito escuro, mas cinzento!!
E eu, eleita «la capitaine» quero ter a humildade de reconhecer que nunca, em nenhuma viagem anterior me senti tão seguro e apoiada. Abdicando, com muito custo, do meu «cavalo de lata» desfrutei de um fabuloso «land-craizy» e de um inigualável K9. Nas horas mais longas, quentes e poeirentas, especialmente na «hora da novela» até foi alívio.
Momentos inesquecíveis? Muitos!! As gargalhadas matinais e ao recolher do meu trio preferido vão ficar gravadas para além dos tempos. Sem querer ser inconveniente não resisto a afirmar como é bom viver com 3 homens 24 sobre 24 horas durante 18 dias. Até acho que tive vontade de ser «dondoca».
...companhias muito, muito tranquilas
Mas vamos à essência da nossa aventura. Parafraseando o Jorge:
«A madrugada ainda estava um pouco alta, o frio sentia-se nas faces o abraço a Leonor Lima fugaz e sentido disparou-se-me como se não visse uma amiga há muitos anos. » - Para os participantes da zona centro a viagem iniciou-se às 03h00 de dia 13 com rumo à Ponte Vasco da Gama e a casa do Zé.
Últimas arrumações, algumas fotos bem salpicadas por uma chuva irritante que parecia querer fazer-nos zarpar sem mais delongas ou despedidas.
CAPITULO 2º
Depois de um reino de Marrocos fresco e verdejante, campos agrícolas cobiçosos, vento seco, areia e mais areia. Assim foram os primeiros quatro dias de progressão da grande aventura que se anunciava ser a 5ª Missão Guiné.
Um grupo calmo, mais ou menos coeso, mais ou menos entusiasmado mas cooperante e disponível para ultrapassar as pequenas dificuldades sempre presentes no decurso de uma tão longa viagem.
A viagem de ida é empreendida com a responsabilidade de transportarmos toda a ajuda humanitária conseguida, por isso, aposta-se nas soluções mais rápidas e seguras.
no Hotel le Lagon
Depois de um jantar encomendado pela Samira no Restaurante La Jeunesse
no dia seguinte pela fresca, a auto-estrada de Kenitra pela costa, leva-nos a Essaouira
e o amigo de longa data Rachid Mejdoub
Dormir no Bojador
Partida de Dahkla; check-out, abastecimento das viaturas e a inevitável hora de atraso em relação ao previsto. Estrada plena, manhã fresca e ventosa.
E lá para o km não sei já quantos... Aí está latitude 23º26’, trópico de Câncer – um simples saltinho no hemisfério, nem deu para sentir .
Deixados para trás 19 controles de polícia (sempre em triplicado) no percurso Tanger/Dahkla é com surpresa que vencemos o percurso até Bir Gendouze sem uma única patrulha ou paragem.
A SAIDA
Aproxima-se a primeira prova de fogo desta expedição --- a saída de Marrocos --- mas maior prova será ainda a entrada na Mauritânia.
Assim o quinto dia leva-nos a Bir Gendouze onde actualmente são feitas as formalidades de saída do país. Espectacularmente consegue-se desalfandegar as viaturas sem fiscalização aduaneira e aos momentos de tensão segue-se
ENTRADA NA TERRA DE NINGUEM (texto feito a bordo)
Travessia da «terra de ninguém» :
faixa de 17 km que separam as fronteiras de Marrocos (sul) e Mauritânia (norte) - zona «desminada» onde ainda há maus encontros testemunhados por destroços de viaturas.
Nesta viagem e pela primeira vez não nos cruzamos com o maior comboio do mundo já documentado noutros blogs de viagens anteriores.
A MAURITANIA
Contacto com os nossos amigos trás o Brahim providencialmente à fronteira. Ao contrário dos hábitos e pressionada por opiniões que podem ser correctas mas não no contexto de uma Africa miserável, entrou-se em choque com o agente de serviço na alfândega de Nouahdibou. Perante a exigência de se descarregar todo o conteúdo dos jipes, houve que empatar e fazer show-off até uma providencial chamada telefónica do Senador que terminou numa palestra a dois dentro do Land-cruizer .
De novo na estrada
Paragem para fotos perante o olhar das manadas de dromedários curiosos que nos observam das beiras do «goudron» ou ostensivamente o atravessam à frente dos 4x4 balançando os seus enormes corpos desengonçados.
À vezes até se dão mal… mas pior fica ainda que não evitar colidir de frente com estes monstros móveis..
Água salobra - era água até o poço ser atulhado pela guerrilha |
Há trabalhos ao longo da estrada e vamos encontrar o nosso amigo Yousouf Sylla No caminho para Noakchott onde vamos chegar de noite para jantar e dormir porque amanhã entraremos no Senegal
O encontro na estrada resultou em convite para jantar do nosso anfitrião, em sua casa.
Fomos unânimes: o jantar em casa do Senador foi a melhor refeição de toda a viagem.
Preciso acrescentar que não foi melhor que o célebre almoço de 1998 na mansão de Nouahkchott bem mais sumptuosa que a actual, quase humilde, vivenda.
Depois do ritual islâmico – um criado com o lavabo - é posta a toalha no chão e todos se sentam à volta de uma belíssima e saborosa salada regada com coca-cola. Segue-se uma fritada, cous-cous de viande comido à mão, com alguns já deitados no chão perante a simpatia dos nossos hospedeiros. Há muitas fotografias a testemunhar.
A casa do nosso anfitrião está em obras e não tem, por isso, condição para nos acolher. Brahim leva-nos ao Hotel «El Aziza», caro e pouco bom. Era tarde, não havia por onde escolher e a noite passou rápido para acordar cedo.
Convém deixar a informação e conselho a futuros visitantes desse Hotel: levem uma faca de mato. Foi bem útil ao nosso companheiro Jorge que passou parte da noite a matar baratas ( cafar ou cucarachas) à facada. No stress Jorginho!!! Isto é a Africa que querias conhecer!
http://www.missaosaleluz.org.br/africa/mauritania1.htm
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